domingo, 17 de agosto de 2008

Estou bem ocupada, preciso escrever três peças de teatro até sexta-feira. Acabei esquecendo de escrever a continuação. Mas, cá está.

Continuação.

E será que eu conseguiria suportar tanta irrealidade? A questão não era bem essa. Conseguir era fácil, sempre consigo quando tenho um travesseiro para chorar, mas será que eu poderia? Mas quando paro para pensar, vejo que o irreal é tão mais próximo da realidade do que ela própria.

Como uma ponte entre o que existe e o que é real, entre uma lágrima e um choro, entre a felicidade e um sorriso. E o medo de atravessar e chegar ao fim não era maior do que a vontade de prosseguir, porque o novo era conhecido em meus sonhos.

Dói bastante chamar de amigo aquele que é bem mais do que isso. É como diminuir todo o sentimento que tenho, ou apenas fingir que ele não existe. É como passar a vida com um espinho no dedo, e fingir que ele não está ali, porque foi fruto de uma rosa. Um sorriso era o que de mais valor eu dava lágrima após lágrima, porque de tempo em tempo, só conseguia expressar um verdadeiro sorriso quando mergulhava em sua secura. Em qualquer outro, isso seria um problema. Nele era apenas algo maravilhoso, porque aos olhos de todos era um defeito, aos meus era um sinal de que ele realmente existia. Sem rosto, sem nome, sem toque.

Continua...



quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Estava em brasília, e não consegui escrever a continuação. Só consegui agora, então...

Continuação.

Poderia dizer que estava feliz, mas só estava perdida. E feliz. Estava tão acostumada com o sofrimento, que a dor era boa. As horas passaram e não percebi que estava deixando coisas importantes passarem também. Aquilo não era motivo para ficar infeliz, e sim para chorar. Lágrimas de liberdade, uma que nunca existiu. Na primeira noite, noite clara, acordei sem precisar dormir, e no brilho da tela do computador, encontrei o que precisava. Ele estava lá, o novo, o único. Na verdade, ele sempre está. Sempre me fazendo sorrir quando sequer sei se é o que queria. E ali pude dormir. Em um amigo, que é muito mais do que isso.

Os dias passaram e o que eu sentia não. Na verdade, não sabia o que sentia, mas era aquilo que eu precisava sentir. Os erros começaram a aparecer, e o arrependimento era doentio. A noite aparecera tão antes do combinado, e a deixei esperando. A água do chuveiro levava para o ralo tudo de sujo que eu sentia, limpara o que era impossível ser retirado. E mesmo com a pele vermelha, os olhos inchados, o sorriso permanecia ali, intacto. Estava fazendo aquilo para viver.

Não conseguia trilhar um caminho. O problema era, assim como a grade que separa o condenado de sua liberdade, uma parede, e ela estava na frente dos meus olhos. E então ele apareceu, trocou-a por vidro. Ainda estava lá, mas poderia seguir meu objetivo. Não era fácil. Ele é um homem, um homem de verdade. Um homem irreal.


Continua.


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Continuação.

Admirava um corpo estranho através das asas, e não sabia a razão. Parecia tão frágil. Um sopro foi o suficiente para que ele voasse para longe. Continuei tomando banho, ignorando a interrupção. Peguei a melhor roupa, ou pelo menos a única que havia na mochila. Estava encantadora. Parti.

Reconheci aquele sorriso e fui em sua direção. Mas ele não estava lá, e eu queria que estivesse. Então acreditei. Uma breve troca de olhares naquele momento, teria sido motivo para continuar sorrindo. E foi. O dia acabou, o sol derramou sua última lágrima, e a Lua descia sorrindo, sempre sozinha, sempre amando, sempre enganada.

Contei os segredos do dia para aquele que eu confiava, e percebi que aquilo me machucava. Por saber que sua sinceridade era o que eu precisava, fiz uma pergunta boba, mas decisiva. Seria possível amar alguém e se apaixonar por outra pessoa? Fui dormir com a resposta no coração.


O sol já gritava para que eu levantasse, porque aquele dia seria revelador. Não percebi, e o decorrer do dia não deu pistas... Até o crepúsculo. Aquele sorriso me abandonara, me fizera chorar, me trocara. E eu não sofri pela perda, sofri pela descoberta. Aquilo que eu tanto temia era tudo que eu desejava. Havia outro. Alguém que não era o dono de minha capacidade de sorrir, e sim de meu sorriso.

Continuo depois.



quarta-feira, 23 de julho de 2008

Uma história sem nome, sem rosto, sem toque.

Preciso de um começo, mas sei que ele está no fim. É melhor começar do meio.

A janela aberta permitia a entrada do vento, que embaraçava as idéias. Fingia não perceber que o mesmo casal abraçado havia passado duas vezes pelo mesmo lugar. Isso não era tão interessante. Olhava o céu e encarava a Lua. Sentir-se-ia mais forte caso ela partisse por não conseguir manter a mesma impressão solitária que lhe é atribuída quando lágrimas são derramadas sob seu brilho. Mas ela não fez isso, e as nuvens precisaram entrar em sua frente. Não por ela, mas por mim. Digna de pena, pois era forte quando precisava sentar e chorar.

Senti que a inspiração me abandonara. Não literalmente, claro. Mas só via uma coisa quando fechava os olhos, só ouvia uma voz quando o silêncio assassinava todos ao redor, e só sentia o frio toque do vento, que nada deixava no lugar. Não conseguia pensar em escrever quando os pensamentos eram os mesmos. Mas a noite havia preparado uma surpresa, e era preciso contar o começo, agora.


Continuo depois.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O barulho criado pelo mar balançava os traços presentes em um rosto pintado pela claridade da sombra. Agitava qualquer sorriso frouxo, preso por um fio em lábios cianóticos. E lágrimas doces correram por toda a madeira velha que constituía o porto seguro.
Os fantasmas da vida passavam por seus olhos sem que pudesse vê-los, apenas sentia. Dessa vez não ria. Falava sozinha, e não importava se alguém visse, mas também, não havia ninguém. Haveria alguém esperando sua volta? Sentado ao lado? Havia alguém? Seu futuro corria pelo lugar errado, no reflexo do horizonte.
Não usava sapatos, não usava roupas. Queria renascer. Precisava que todos vissem sua vida, exposta por toda sua pele. O vento arrepiava todo o corpo e o corpo também arrepiava o vento. E só os pássaros da noite entendiam a razão. E eles jamais deixariam transparecer. Era a verdade renascida.

Sentia-se bela, sentia-se limpa. A chuva levava para o esgoto a poeira das idéias. E caminhava pela rua. Caminhava nua, caminhava crua. Sentou no asfalto. Os sinos faziam a melodia, e embrou-se de como gostava deles. Cantarolava sem saber como. E os sons ficaram cada vez mais distantes.



sexta-feira, 6 de junho de 2008

Há muito tempo esqueci como é declarar um amor. Agora eu lembro. Toda vez que olho em seus olhos inexistentes eu perco meu coração, para você. E eu gosto. Toda vez que ouço a sua voz, em minha melhor lembrança, eu perco a minha. E eu preciso. Toda vez que vejo meu futuro distante, percebo que ele está em meus olhos, sempre. E então eu vivo. Seu rosto ainda é bastante desconhecido, mas eu conheço cada traço. Em mim. Você sempre foi o meu “príncipe desencantado”, mesmo quando eu sequer sabia seu nome. Tenho uma vida com você, mesmo sem ter você. Na verdade, sempre será meu. Meu amor. Não imagina o quanto é doce dizer isso. Não sabe o quanto é maravilhoso amar você. Eu sei.


domingo, 1 de junho de 2008

Sentia seu orgulho ferido, mas sequer tinha orgulho. Havia chorado a noite inteira, e o travesseiro permanecia seco. Andava de um lado para o outro, cansada.
Era 2007, e o vento não conseguia ultrapassar a janela. Sentia o desespero escorregar de seus olhos, saindo do seu coração sem vida, sem amor.
Sentia o peso da liberdade, mas não estava livre. Estava presa na própria dor. Não sentia mais por ter perdido aquele que tanto amava, sentia por tê-lo deixado ir.
Era um novo dia, uma nova morte. Não queria aceitar o abandono. Intumescer-lhe-ia os olhos se algum dia parasse de chorar. Tentava levantar e ver o Sol, mas a neblina em seus olhos não permitia. Sentia que havia feito a coisa certa. Só poderia ser feliz se dissesse que ele estava livre para fazer o mesmo. E ele estava.
Não era nada, não sentia nada.



terça-feira, 27 de maio de 2008

Ela sabia que precisava chorar, mas não estava na hora. Não queria molhar os olhos de tristeza. Arriscou um sorriso e a boca não correspondeu. E seguia meio triste, meio morta, meio nada.


sexta-feira, 23 de maio de 2008

Esperava aquele encontro ansiosamente. Sabia que não conseguiria dizer nada, mas precisava tentar. Tanto tempo, tantos sonhos... Ela tinha o direito de saber.
_ Estou apaixonada por você.
_ Está?
_ Sim.
_ E agora, como faremos?
_ Não faremos.
_ É complicado.
_ É...
_ Como aconteceu?
Uma pausa. Queria olhar o céu, criar coragem. Fitava os próprios pés. Então continuou.
_ Não aconteceu, sempre esteve aqui.
_ Voltou?

_ Sempre esteve.
_ Não era assim, antes.
_ Não sei.
_ Vai entender...
_ Uhum.
_ Não sei o que dizer.
_ Nem eu.
Sempre fora seu maior desejo, ouvir isso... E não sabia sequer como reagir. Procurou algum lugar para sentar, com as mãos. Não queria olhar para outro lugar, e correr o risco de encontrar seus olhos.
_ Não podemos.
_ Eu sei.
_ Fico mal por isso.
_ Não deveria.
_ Se estivéssemos perto seria diferente.
_ Não seria. Ama outra pessoa.
_ Se fosse como antes, não amaria mais ninguém.
Essas palavras perfuraram todo o resto de coragem que tinha, e sentiu as pernas fracas. Mesmo sentada segurou o corpo para não cair.
_ Dói...
_ Por quê?
_ Só dói.
_ Se tantas mudanças não tivessem acontecido, seria diferente.
_ Seria.
Ela partiu, então. E levou todas as estrelas do céu.


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Pegadas sobre a areia, ilusão sob o crepúsculo. Os anéis balançavam junto com a coragem, dentro do bolso. As ondas pareciam sorrir, e a lua que já estava a caminho, chorava. Sentia sede, então bebeu as lágrimas. Já estava na hora de parar. “Você vem sempre aqui?”, e o resto saiu automaticamente, como quem espera algo, como uma criança que inicia a corrido no dois. “Sim”. O beijo foi com os olhos, o abraço com a boca.

Ainda era tempo de pedir uma chance, uma chance para a utopia. Era como o velho que custava sair no três. Não sabia como dizer. O tempo havia sido bom, um novo amor. Então pediu.

Não sabia quanto tempo havia passado desde que fora ali pela última vez, em um sonho. Ilusão sobre a areia, pegadas sob o crepúsculo. Cercas haviam sido colocadas onde há muito só cabia um sentimento. Sentiu-se triste. Tudo havia mudado, mas o que poderia esperar se até ela havia mudado... As ondas carregavam para a margem os seres que não sobreviveram, e a lua abriu mão de seu esconderijo para presenciar o ato. Então viu seu sorriso, e esqueceu de todo o resto. Como se estivesse marcado, sabia o lugar onde deveria parar. Não lembrava as palavras, mas respondeu com certeza. Não era real, só era verdade.


domingo, 11 de maio de 2008

Havia mais dois, e gostava de ser o terceiro. Todos unidos pelo destino.
Ventava frio, e as nuvens cobriam o céu. Um queria ir embora, o outro não, e o terceiro precisava. O encontro foi nas areias, molhadas pela água salgada, contando dinheiro, escrevendo cartas, olhando para a Lua. E jamais esqueceria aqueles olhos, tão negros. Encontramos uma velha casa, ainda abrigando os restos dos antigos donos. Era beira-mar, a única, e estava longe da cidade. Um, o outro e o terceiro, assim éramos conhecidos pelas pessoas da cidade, e assim passamos a nos chamar.

O outro tinha o mais belo sorriso que já vi, e com certeza a garota da feira também achava. Estavam apaixonados e seu pai jamais poderia descobrir. Então a escolha foi mais fácil para mim. Depois do primeiro beijo a vida começou, e sem um último, terminou. Durante cinco anos o pai da garota proibiu seu namoro com o outro, levando-a para o vilarejo vizinho, e cansado da morte, meu amigo foi atrás dela, sob ameaças do pai.

Um queria nadar, e através de seus negros olhos vi as fortes ondas e tentei fazê-lo ficar, em vão. Ele sorriu e foi ao encontro da morte. Ao vê-lo afundar, corri em sua direção, e o vi levantar a cabeça gargalhando. Estava de volta, na areia, quando tive que ver a maior onda cobrindo meu amor, meu amigo, meu irmão, e dessa vez ele não voltou sorrindo. Carreguei o corpo dele até longe do mar, e não via a Lua por seus olhos sem vida.

Cinqüenta anos depois ainda espero meu amigo voltar, e há cinqüenta anos não consigo olhar para o mar.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Todo o mistério da ausência ronda minha cabeça. Eu gosto. Nunca nada fora tão incomum, e sentia vergonha até de falar. O sorriso bobo e apaixonado era constante, e o resto fazia parte do tédio. Apaixonada por uma mente, o que poderia ser mais raro? Dessa vez não abri as cortinas, se abrisse poderia fechá-las novamente. Elas agora estavam no lixo. Há pouco, sequer conhecia um rosto, mas não fazia diferença. Conseguia ver além, e bastava. Precisava ir até ele, e um dia iria. É engraçado, mas falo sobre coisas que parecem bobas, sobre casamento, e no fundo, a verdade é que é verdade. Por trás de tantas palavras secas está a vontade de passar pela vergonha e mudar isso. Ora, a questão é que estou apaixonada, e a timidez é o começo de tudo.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

As luzes foram apagadas, tudo havia sumido. Silêncio. Balbuciava palavras, sem ter alguém para ouvir. Não havia mais lágrimas. Todas foram derramadas de uma vez, como se estivessem esperando há muito tempo, e de fato, estavam. A mentira estava ali. Estava procurando um apoio, e encontrara. As cortinas foram fechadas novamente, a roupa estava molhada, pois não havia sol, e o café estava frio, como a última esperança. Sentava no chão, pois era duro e frio, então sentia-se em casa. Lembrava de todos os planos, de toda a alegria. Sabia que devia enterrar tudo aquilo, mas não estava na hora. Queria acreditar que tudo era uma brincadeira, mais uma mentira. Não era. Queria simplesmente acender a luz, mas ela já estava acesa, só não podia ver. Sequer conseguia tocar a própria pele, doía. Sentia nojo, sentia dor. Não sentia nada.

domingo, 13 de abril de 2008

Havia acabado de acordar e já queria dormir novamente, voltar a sonhar. Não que a realidade fosse ruim, só queria que o tempo passasse logo. Queria acordar apenas sete dias depois. Mas não conseguia dormir, e sequer estava tentando, pois ao mesmo tempo um arrepio percorria por todo o corpo e sentia vontade de rir. Loucura. Mas afinal, havia motivos para rir, jamais estivera tão feliz, não queria mais ser outra pessoa, queria ser exatamente quem era, porque agora o amor estava vivo. O coração batia silenciosamente, e era possível ouvi-lo. Usava a camiseta que havia sido dele, e se abraçava, assim conseguia suprir a falta que ele fazia quando estava longe. Tudo era pequeno demais perto do que sentia. Bebia café, mesmo sem gostar, e comia bolachas com geléia de goiaba, adorava goiabas. O gosto nunca fora tão doce, e o amargo do café até fazia rir. Tudo era razão para rir. Faltava apenas uma semana para poder abraçá-lo, e passaria essa semana sorrindo. [...]

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Silente


Ao meu amor, poderia dar mil razões
Mil palavras, declarações
Darei apenas símil sorriso
Como a vista do paraíso


O vôo de um pássaro sempre termina
Quando chega aos braços da pessoa amada
Com um abraço ilumina
E não espera mais nada


Palavras inesperadas, desejadas
Enluarado com Sol, você sorria
Entre sorrisos de amor com gosto de lágrimas apaixonadas
Sussurrava sentimentos que só eu sentia